Destruição e queimadas
Fechamento das comportas
Em junho de 2002 teve início o desmatamento das matas ciliares dos rios Grande e Capivari. Cerca de 50 homens desmatavam 5 km ao dia por 12 horas. E as queimavam. O processo de represamento do rio Grande para a formação do lago iniciou após o corte e queima do verde, em seguida à mudança da população atingida para novas comunidades construídas às pressas e à demolição das antigas construções para limpeza e segurança do reservatório. O fechamento das comportas do túnel, por onde fora desviado o rio Grande, iniciou às 6h da manhã de um sábado, no dia 9 de novembro de 2002. Em 9 horas as águas subiram 7 metros. Do lado da represa em que o rio Grande rapidamente ficou apenas com um filete de água correndo foi montada uma operação de resgate de peixes desesperados. Muitas pessoas compareceram a Ribeirão Vermelho, cidade logo abaixo da represa, para ver o rio sem água. Acima da represa a cena era diferente, e muitos também compareceram para ver a ponte do Funil desaparecer e o lago se formar. Desse lado da hidrelétrica uma equipe especializada usava lanchas para resgatar, durante o dia, animais ilhados pela inundação. As águas paravam de subir durante a noite até retornarem ao trabalho, no dia seguinte. Em uma casinha construída para o resgate ficavam animais sobreviventes que precisavam de cuidados. Além de cobras, lagartos, micos, tatus, pássaros, foram recolhidos centenas de ovos. Os filhotes de pássaros nasciam em estufas, mas a maioria morria em seguida por falta da saliva da mãe misturada ao alimento, apesar do esforço de biólogos batendo alimentos em liquidificador. O enchimento do reservatório da Usina Hidrelétrica Funil, ou Usina Hidrelétrica Engenheiro José Mendes Jr., finalizou no dia 8 de dezembro de 2002. Em um piscar de olhos a paisagem se transformou. Os reinos atingidos entraram em luto: incontáveis seres humanos, o relevo ondulado, os minerais, a vegetação do cerrado, os animais.