Homossexuais vistos por entendidos

 

Praia de Copacabana em frente ao Copacabana Palace, Rio de Janeiro, 1976

Praia de Copacabana em frente ao Copacabana Palace, Rio de Janeiro, 1976

Praia de Copacabana em frente ao Copacabana Palace, Rio de Janeiro, 1976

Praia de Copacabana em frente ao Copacabana Palace, Rio de Janeiro, 1976

Rua Paula Freitas, Copacabana, Rio de Janeiro, 1977

Banda de Ipanema, Rio de Janeiro, 1976

Galeria Alaska, Copacabana, Rio de Janeiro, 1975

Praça Tiradentes, Rio de Janeiro, 1976

Praça Tiradentes, Rio de Janeiro, 1976

Praça Tiradentes, Rio de Janeiro, 1976

Praça Tiradentes, Rio de Janeiro, 1976

Praça Tiradentes, Rio de Janeiro, 1976

Banda de Ipanema, Carnaval, Rio de Janeiro, 1976

Banda de Ipanema, Carnaval, Rio de Janeiro, 1976

Banda de Ipanema, Carnaval, Rio de Janeiro, 1976

Banda de Ipanema, Carnaval, Rio de Janeiro, 1976

Banda de Ipanema, Carnaval, Rio de Janeiro, 1976

Banda de Ipanema, Carnaval, Rio de Janeiro, 1976

Banda de Ipanema, Carnaval, Rio de Janeiro, 1976

Leny Dale, São Paulo, 1974

Em 2004, foi publicado o livro precursor O homossexual visto por entendidos pelo Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (www.clam.org.br) em conjunto com a Editora Garamond, coleção sexualidade, gênero e sociedade. Em 1975, Carmem Dora Guimarães convidou-me para realizar a documentação fotográfica que acompanhou sua dissertação de mestrado, de mesmo nome. Defendida em 10 de novembro de 1977, no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Departamento de Antropologia do Museu Nacional da UFRJ.

 No prefácio Um trabalho Pioneiro, do livro O homossexual visto por entendidos, Gilberto Velho, o orientador de Carmita a apresenta: …o esforço pioneiro de Carmita ao estudar a temática do homossexualismo na sociedade brasileira, através de um cuidadoso trabalho de campo que teve como ponto de partida uma rede de conhecidos e amigos da Zona Sul do Rio de Janeiro. Nesta época não eram poucos os preconceitos e resistências em relação a trabalhos de antropólogos sobre meio urbano e, particularmente, sobre desvio.

 Gilberto Velho prossegue: o trabalho não foi publicado durante a vida da autora… Ainda assim, tornou-se referência para várias gerações de estudiosos do desvio, de sexualidade e, especificamente, da homossexualidade. Através de xerox, muitas cópias se espalharam pelo país e mesmo fora dele. Foi exaustivamente consultado…

 Na conclusão de seu livro, página 110, Carmita explica as reações contrastantes provocadas pelas situações do trabalho fotográfico realizado durante o carnaval, à noite, na Praça Tiradentes e durante a manhã, na praia: O trabalho realizado com indivíduos desconhecidos na faixa de praia de frequência homossexual suscitou reações nitidamente agressivas. Este confronto entre duas situações distintas (carnaval e praia) de um mesmo espaço social demonstra, mais uma vez, a especificidade do tempo/espaço da ação social para cada identidade homossexual. Aquele espaço de praia de alta visibilidade pública e por isso sem máscara, demanda uma cobertura social invisível necessária para garantir o anonimato relativo daqueles homossexuais não identificados como bichas.

 Além da seleção de imagens aqui apresentadas, documentei alguns apartamentos de membros do grupo estudado. Estimulada pela estreita convivência e por longas conversas com a autora abordei o tema outras vezes em anos subsequentes.

 Observei, ao acompanhar a fotógrafa Ana Regina Nogueira na entrada do Teatro São José, no centro da cidade e no desfile da Banda de Ipanema que os travestis focalizados pela objetiva se dispunham prontamente a “fazer pose”, expressando um tipo de gesticulação estereotipada e caricaturesca da mulher, visando maior destaque e manchete. No carnaval são muitos os fotógrafos que registram aqueles travestis para revistas e jornais nacionais e internacionais, sendo sua presença gramatical uma forma de valorização e reconhecimento de seu bom gosto ou imaginação criadora. Juntamente com esse indivíduos de exagerada agressividade jocosa, outros pares mais discretos também se deixaram fotografar pois na permissividade do carnaval, tudo, ou quase tudo, se explica.