Poemas ardentes


caminha como incenso, exala espinhos e delícias;

descalça, vá pelo fio que separa luzes das sombras;
quando os pés nus sangrarem nos mármores dos salões
desvia do ontem teu mar profundo

Tudo passa
Trilhas no espaço
cada estrela uma seta
escolhe e segue-a
:
eleva os braços
tudo passa
as feras amansam
o tempo diz Sim
rende o corpo de vidro
penetra o dourado atrás da cortina
cruza o salão sem fim.


sê 

olho d’água 
lágrima lustral 
explode o solo
jorra perene

Versos tempestuosos
amarra às nuvens versos tempestuosos

e verte-os sobre raízes sedentas,
cola guirlandas de alma em alma e dança 
entre bordados e letras 
entre espelhos e orvalho

1%
escrevo entre linhas 

espero entre templos
tenho mais de 1000 livros 
sou 1% na pesquisa nacional

Muletas
escrevo de muletas para disfarçar cascatas de plumas

Presentes
vida mel 

dá anel de sol 
sandália de sal 
lata 
um girassol

Círculos
nas alturas 

a lua 
esconde 
alegria
em círculos lúdicos 
e labirinto de nuvens

Beijo estrelas
estrela, 

o olhar brasa
que te lanço agora
acende o firmamento

da lareira infinda
beijos-estrela
respondem ao beijo
que te joguei na infância

Alvorada
alarido quebra os céus

o olhar chilreia 
o sorriso gorjeia
quebra corpo moído
de cama de galho de toca
requebra trina ulula 
urubu vira andorinha 
maritaca gavião

Agora
a matéria em êxtase

entrelaça ao agora
fagulhas luminescentes

leves mandalas e pétalas de sonhos
pingam mel em bico de beija-flores

 

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