Photo exhibition

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Retrospective: Ana Regina Nogueira
por Pierre Devin (agosto, 2005)

O “Hino à Alegria” acolhe-me em sua casa.  Tendo conhecido uma grave crise existencial, ela dá-se a conhecer verdadeiramente.  Desde 1991 dedica-se a serviços voluntários.  Entretanto, Ana Regina vem de um meio culto e confortável. Tanto a arte como a fotografia fazem parte de suas preocupações.  Nascida em Belo Horizonte no ano de 1948, atravessa a adolescência interessada pelo mundo e pela prática artística.  Vive um ano nos Estados Unidos onde realiza seus primeiros instantâneos.  A cultura livresca não lhe basta e segue cursos de arte.  Interessa-se pela obra do fotógrafo Gil Prates que se tornará seu primeiro marido.  Apaixona-se, também, pela tecnologia ligada à fotografia.

Em 1972, abandona seu curso de psicologia na Universidade Jussieu em Paris. Autodidata, como a maioria dos fotógrafos de sua geração, torna-se fotógrafa profissional.  Assume, ela mesma, seu trabalho de laboratório em preto e branco.  Em 1973, Ana Regina Nogueira, equipada de uma Nikormat, viaja pelos Estados Unidos e México.  Tal viagem permitiu-lhe realizar seu primeiro portfólio.

Neste pós 1968, aborda grandes temas: justiça, amor, preconceito, beleza…  Visita locais inacessíveis do Norte, Nordeste e Sul do Brasil, assim como Argentina e Chile.  Leva uma vida cosmopolita entre Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Paris, Londres, Milão, New York.  Trabalha para a revista Vogue, para o teatro. Os grandes objetos dos quais se ocupa então, e que chama de sócio-antropológicos, são: as religiões, as medicinas populares, os homossexuais, a oligarquia brasileira, os pescadores…

A autobiografia jamais está ausente de suas preocupações.  Em um dado momento, esta autobiografia fotográfica fará parte de sua reconstrução pessoal após uma crise existencial, que ela qualifica como uma passagem pelo inferno.  “A Noite Escura da Alma” revela esse período de sofrimento e loucura.  A fotografia tem grande força e surge como um grito.  A série “Purificação” relato o início de seu caminho interior.

Em 1994, deixa o Rio de Janeiro para viver em uma fazenda no interior de Minas Gerais.  Deixa de fotografar durante cinco anos e se reconecta com  a Natureza aprendendo a levar uma vida altruísta.  Sempre amei fotografar pessoas em movimento e fazer retratos.   Troquei várias vezes de moradia. Morei em metrópoles, mas a Natureza me atraia…   Retornar, após 30 anos, às minhas origens, penetrar no interior do estado de Minas, permitiu-me encontrar harmonia e paz.  Em 1999 a fotógrafa volta à fotografia.

Sua nova casa em Lavras é também instrumento de trabalho para continuar a produzir e a ensinar fotografia.  Em 2000, participa de Photofest em Houston.  Durante todo o ano de 2002 realiza um amplo documentário fotográfico sobre a região do Funil, ao Sudoeste de Minas Gerais, antes e durante a construção de uma hidrelétrica.  Foram produzidas mais de 11.000 imagens da Natureza, construções e vida cultural do local.  Elas perpetuam uma vida e paisagens perdidas.

O itinerário de Ana Regina Nogueira é duplo.  Percorreu o mundo…  Tal itinerário desdobra-se em um interior apaixonante.  A cada etapa a forma fotográfica foi sendo trabalhada como conseqüência natural.  A câmera escura, a luz, a revelação, além da função que lhes é própria, adquirem para Ana Regina um sentido metafísico.

 

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Na primeira foto, o curador Pierre Devin percorre a exposição com a família: Fabiana Figueiredo e filha. Na terceira está o laboratorista Guillaume Geneste, que realizou as ampliações preto e branco em papel de prata Ilford e lavagem manual, para garantir a melhor conservação. Seu laboratório parisiense, “La Chambre Noire”, é especializado em projetos de fotografias de autor.

 

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